terça-feira, março 18, 2008

Ainda estamos na epopéia

A epopéia é própria do gênero épico,onde a fala é do poder, e se sustenta em dois pilares: o Mito e o Herói. Nela, o mundo fechado é regido pelo poder absoluto do mito - que representa a fala do poder sobre a lingaguem e ao mesmo tempo, acalma o povo.

O discurso mítico é baseado em uma narrativa de sustentação de dois opostos - como vida/morte- e o Herói é a representação do poder: ele é único,supera,vence e nunca é questionado, pois representa o povo e é legitimado por ele.

Toda epopéia narra a travessia de um Herói que é o centro das atenções. O mito,por sua vez,serve como forma de aumentar a façanha do Herói,que os vence sempre,tranformando-se assim verdadeiramente em "herói".

A epopéia só é possível pela unidade existente no mundo mítico: não havia divisões de classes e existia uma sociedade de um tempo patriarcal heróico onde o poder possuía a "fala" e estava em ascensão e satisfeito consigo mesmo.

Esse cenário de unidade começa a se fragmentar com a inserção do "outro" na lingaguem e na cultural,destruindo a unidade mítica, e com as mudanças econômicas trazidas pela peste negra (como a ascensão da burguesia).

Neste novo cenário sócio-econômico, o Herói deixa de ser unanimidade,passa a ter uma nacionalidade e o romance passa a retratar a mudança social: a voz pertence ao oprimido que passa a ter uma visão crítica,denuncia o poder e as contradições existentes no novo contexto social,onde várias classes são formadas passando a existir a dualidade indivíduo/sociedade.

Na visão de Lukács, a partir da teoria do romance, o Herói romanesco é demoníaco,poiss questiona o poder,denuncia o opressor e o oprimido,que legitima a opressão, e expõe os valores da sociedade de forma crítica.

O Herói demoníaco é um personagem problemático que na busca degradada de valores autênticos em um mundo de conformismos e convenções, é mal visto.

Bakthin vê o romance como a liberdade possível,pois ele é o local de expressão sensorial da vida,
onde ocorre a emancipação do homem,pois nele não existe a exclusão das culturas e dos discursos populares. As pessoas são prisioneiras de várias formas,mas no ato da leitura, experimentam a liberdade.




comentários sem qualquer pretensão existencialista-econômica-social-e-pseudocult:

Qualquer ligação entre o Herói da epopéia com fatos políticos não é mera verossimilhança.

Mais alguém ae quer um herói romanesco?

Pra alguma coisa a burguesia tinha que servir,nao é mesmo?